Composto por José Vianna da Motta aos quatorze anos de idade, o Rondino, op. 52, em mi maior, pertence ao conjunto de obras de infância escritas entre 1873 e 1883. Esta peça faz parte das últimas obras compostas por Vianna da Motta antes de ele iniciar a numeração de uma nova série de opus, pelo que esta peça é representativa do culminar da sua primeira fase criativa. A técnica de variação da decoração da melodia dos temas a e b (cf. esquemas estruturais em baixo) corrobora esta ideia, uma vez que, nas suas obras posteriores, Vianna da Motta privilegia-a em detrimento da técnica de variação da melodia.
Sobre o texto musical das obras de Vianna da Motta encontram-se muitas vezes correções que se percebe terem sido feitas numa fase posterior àquilo que poderia ser o estado definitivo da composição (por exemplo, as correções feitas a lápis distinguem-se do resto do manuscrito escrito a tinta). O Rondino, op. 52 foi corrigido substancialmente uma vez que Vianna da Motta rasurou dez sistemas, o equivalente a duas páginas do seu manuscrito. Nesses sistemas incluem-se os cinco últimos compassos da obra pelo que se pode considerar que ela não está terminada. À exceção dos cinco últimos compassos, o resultado dessa supressão é apresentado nesta publicação como 2.ª versão do Rondino, op. 52, aquela que mais se aproxima da versão definitiva. Devido ao interesse musicológico que a versão inicial poderá ter para os investigadores, nesta publicação é também apresentada uma versão onde foram incluídos todos os sistemas rasurados, tendo sido designada 1.ª versão. A 2.ª versão distingue-se da 1.ª versão em apenas um ponto: nela não constam os compassos rasurados 157 a 202 da 1.ª versão.
João Costa Ferreira