CONN-O-SAX
(2015)
para saxofone-alto solo
Conn-O-Sax para saxofone-alto solo, insere-se num ciclo de obras a solo para diversos instrumentos, que iniciei com Hornpipe (1997/rev.1999), para trompa solo, e que inclui ainda Chirimia (2001-02/ rev.2012), para oboé ou saxofone-soprano solo, Alboque (2011), para clarinete solo, estando em projeto outras novas obras a acrescentar no futuro próximo, nomeadamente para marimba, flauta e fagote.
A principal característica deste ciclo é o elevado grau de virtuosismo exigido ao executante, quer pelo uso de técnicas especiais de entre as mais modernas para cada instrumento (como registos extremos, quartos-de-tom, flatterzunge, multifónicos, etc…), quer pela endurance necessária à sua execução. Mas tudo isto é aliado a uma escrita deliberadamente fantasiosa e, pelo menos aparentemente, muito livre, quase improvisativa, apesar da notação ser extremamente rigorosa. Assim, um dos intuitos destas obras é igualmente apelar à imaginação do intérprete, que, com a sua leitura única e individual da partitura, contribui também para a obra musical definitiva.
Sendo um verdadeiro work in progress, que pretendo desenvolver ao longo da minha carreira composicional, este ciclo traz imediatamente à ideia um seu famosíssimo antecessor, as Sequenzas de Luciano Berio, de que não renego a influência, principalmente pelo aspeto mais “lírico” da sua escrita. Na verdade também eu, nestes meus “solos”, tentei, entrementes todo o virtuosismo, incutir um certo lirismo à escrita, que porventura advém da minha naturalidade mediterrânica, e da luminosidade que é tão típica aos países do sul da Europa.
Especificamente, o termo conn-o-sax refere-se a um curioso saxofone-alto direito (sem o usual pavilhão curvilíneo final), e afinado em fá, ao invés do tradicional mib. Inventado pela americana C.G. Conn Ltd. (também conhecida como “Conn Instruments”) por volta de 1929-30, foi engenhosamente apelidado de ‘saxofone-mezzosoprano’, e pretendeu-se na verdade criar um híbrido entre o saxofone-alto em mib e o corne-inglês (em fá), já que o pavilhão do Conn-O-Sax é abobadado à imagem do do corne-inglês. Menos de 100 exemplares desse instrumento são conhecidos hoje em dia, sendo avidamente procurados por saxofonistas e colecionadores.
Conn-O-Sax foi estreada a 10 de Julho de 2015 por Luís Ribeiro, a quem a obra é dedicada, em Estrasburgo (França), no âmbito do SaxOpen – Congresso Mundial do Saxofone.