• Português
  • English
  • Register
  • Log in
AVA Editions
Close
  • Home
  • Composers
  • Events
  • CDs
  • Coro
    Coro e Orquestra
    Picture for category Coro e Orquestra
    Coro Infantil
    Picture for category Coro Infantil
    Coro Feminino
    Picture for category Coro Feminino
    Coro com Acompanhamento
    Picture for category Coro com Acompanhamento
    Coro a Capella
    Picture for category Coro a Capella
    Coro Masculino
    Picture for category Coro Masculino
    Coro, Solistas com Acompanhamento
    Picture for category Coro, Solistas com Acompanhamento
  • Cravo
    Cravo Solo
    Picture for category Cravo Solo
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    Cravo e Orquestra
    Picture for category Cravo e Orquestra
  • Canto
    Soprano
    Picture for category Soprano
    • Soprano Solo
    Contralto
    Picture for category Contralto
    Tenor
    Picture for category Tenor
    Baixo
    Picture for category Baixo
    • Baixo Solo
    • Baixo & Piano
    • Baixo & Orquestra
    • Baixo Música de Câmara
    Infantil
    Picture for category Infantil
    • Infantil Solo
    • Infantil e Piano
    • Infantil & Orquestra
    • Infantil Música de Câmara
    Baritono
    Picture for category Baritono
    • Baritono Solo
    • Baritono & Orquestra
    • Baritono & Piano
    • Baritono Música de Câmara
    Mezzo-Soprano
    Picture for category Mezzo-Soprano
    • Mezzo-Soprano e Piano
    • Mezzo-Soprano e Orquestra
    • Mezzo-Soprano Solo
    • Música de Câmara
    Voz
    Picture for category Voz
    • Voz e Piano
    • Voz e Guitarra
  • Acordeão
    Acordeão e Orquestra
    Picture for category Acordeão e Orquestra
    Acordeão e Piano
    Picture for category Acordeão e Piano
    Acordeão Solo
    Picture for category Acordeão Solo
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    Método
    Picture for category Método
  • Cordas
    Violino
    Picture for category Violino
    • Violino Solo
    • Violino e Orquestra
    • Violino e Piano
    • Música de Câmara
    Viola
    Picture for category Viola
    • Viola Solo
    • Viola e Piano
    • Viola e Orquestra
    Violoncelo
    Picture for category Violoncelo
    • Violoncelo e Piano
    • Violoncelo Solo
    • Violoncelo e Orquestra
    Contrabaixo
    Picture for category Contrabaixo
    • Contrabaixo Solo
    • Contrabaixo e Piano
    • Contrabaixo e Orquestra
    • Música de Câmara
    • Bass Solist
    Cordas Música de Câmara
    Picture for category Cordas Música de Câmara
    • Dueto de Cordas
    • Trio de Cordas
    • Quarteto de Cordas
    • Outras Formações
    Bandolim
    Picture for category Bandolim
  • Ensemble
  • Guitarra
    Guitarra e Orquestra
    Picture for category Guitarra e Orquestra
    Guitarra e Piano
    Picture for category Guitarra e Piano
    Guitarra Solo
    Picture for category Guitarra Solo
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    • Duo
  • Livros
    Formação Musical
    Picture for category Formação Musical
    Fotografia
    Picture for category Fotografia
    Colecções
    Picture for category Colecções
    Cadernos
    Picture for category Cadernos
    Revistas
    Picture for category Revistas
  • Madeiras
    Flauta
    Picture for category Flauta
    • Flauta e Piano
    • Flauta Solo
    • Flauta e Orquestra
    • Música de Câmara
    • Flautim
    Oboé
    Picture for category Oboé
    • Oboé e Orquestra
    • Oboé e Piano
    • Oboé Solo
    • Música de Câmara
    Clarinete
    Picture for category Clarinete
    • Clarinete e Piano
    • Clarinete Solo
    • Clarinete Baixo
    • Música de Câmara
    • Clarinete e Orquestra
    Fagote
    Picture for category Fagote
    • Fagote Solo
    • Fagote e Orquestra
    • Música de Câmara
    • Fagote e Piano
    Saxofone
    Picture for category Saxofone
    • Saxofone Alto
    • Saxofone Tenor
    • Saxofone Baritono
    • Saxofone Soprano
    • Música de Câmara
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    • Quinteto de Sopros
    • Outras Formações
    Flauta de Bisel
    Picture for category Flauta de Bisel
    • Flauta de Bisel Alto
    • Flauta Bisel e Orquestra
    • Flauta Bisel e Piano
    • Música de Câmara
    • Estudos e Metodos
    Corne Inglês
    Picture for category Corne Inglês
    • Corne Inglês Solo
  • Guitarra Portuguesa
    Guitarra Portuguesa Solo
    Picture for category Guitarra Portuguesa Solo
    Guitarra Portuguesa e Piano
    Picture for category Guitarra Portuguesa e Piano
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    Guitarra Portuguesa e Orquestra
    Picture for category Guitarra Portuguesa e Orquestra
  • Instrumentos
    Tuba em Fá
    Picture for category Tuba em Fá
  • Harpa
    Harpa e Orquestra
    Picture for category Harpa e Orquestra
    Harpa Solo
    Picture for category Harpa Solo
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
  • Metais
    Wagner tuba
    Picture for category Wagner tuba
    Trompa
    Picture for category Trompa
    • Trompa e Piano
    • Trompa Solo
    • Trompa e Orquestra
    • Música de Câmara
    • Estudos e Metodos
    • Quarteto de Trompas
    Trompete
    Picture for category Trompete
    • Trompete Solo
    • Trompete Piccolo
    • Trompete e Orquestra
    • Música de Câmara
    • Trompete e Piano
    Tuba
    Picture for category Tuba
    • Estudos e Metodos
    • Tuba Solo
    • Tuba e Orquestra
    • Tuba e Piano
    • Música de Câmara
    • Tuba Solo e Ensemble
    Trombone
    Picture for category Trombone
    • Trombone Solo
    • Trombone e Piano
    • Música de Câmara
    • Trombone e Orquestra
    Grupo de Metais
    Picture for category Grupo de Metais
    • Quinteto de Metais
    • Outras Formações
    Orquestra de Metais
    Picture for category Orquestra de Metais
    Euphonium
    Picture for category Euphonium
    • Euphonium Solo
    • Euphonium e Piano
  • Música de Câmara
    Instrumento e Piano
    Picture for category Instrumento e Piano
    Duo
    Picture for category Duo
    Trio
    Picture for category Trio
    Quarteto
    Picture for category Quarteto
    Quinteto
    Picture for category Quinteto
    Sexteto
    Picture for category Sexteto
    Ensemble de Palhetas Duplas
    Picture for category Ensemble de Palhetas Duplas
  • Orgão
  • Orquestra
    Orquestra de Cordas
    Picture for category Orquestra de Cordas
    Orquestra Clássica e de Câmara
    Picture for category Orquestra Clássica e de Câmara
    Orquestra Sinfónica
    Picture for category Orquestra Sinfónica
    • Soprano e Piano
    • Soprano e Orquestra
    • Música de Câmara
    Coro e Orquestra
    Picture for category Coro e Orquestra
    • Contralto Solo
    • Contralto e Piano
    • Contralto & Orquestra
    • Música de Câmara
    Instrumento Solista e Orquestra
    Picture for category Instrumento Solista e Orquestra
    • Tenor Solo
    • Tenor & Orquestra
    • Tenor Música de Câmara
    • Tenor & Piano
    Voz(es) Solista(s) e Orquestra
    Picture for category Voz(es) Solista(s) e Orquestra
  • Ópera
  • Orquestra de Sopros
  • Música Infantil
    Ópera Infantil
    Picture for category Ópera Infantil
    Piano
    Picture for category Piano
    Coro, Solistas com Acompanhamento
    Picture for category Coro, Solistas com Acompanhamento
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    Estudos e Metodos
    Picture for category Estudos e Metodos
    Conto Musical
    Picture for category Conto Musical
    Bailado
    Picture for category Bailado
  • Percussão
    Percussão Solo
    Picture for category Percussão Solo
    Percussão & Acompanhamento
    Picture for category Percussão & Acompanhamento
    Ensemble de Percussões
    Picture for category Ensemble de Percussões
    Música de Câmara com Percussão
    Picture for category Música de Câmara com Percussão
    Marimba Solo
    Picture for category Marimba Solo
    Caixa
    Picture for category Caixa
    • Música de Câmara
    Vibrafone
    Picture for category Vibrafone
    • Música de Câmara
  • Piano
    Piano Solo
    Picture for category Piano Solo
    Piano a Quatro Mãos
    Picture for category Piano a Quatro Mãos
    Música de Câmara
    Picture for category Música de Câmara
    Piano e Orquestra
    Picture for category Piano e Orquestra
    Two Pianos
    Picture for category Two Pianos
    Piano a 6 Mãos
    Picture for category Piano a 6 Mãos
    Estudos e Metodos
    Picture for category Estudos e Metodos
    Mão Esquerda
    Picture for category Mão Esquerda
Menu
  • Home
  • Composers
  • Events
  • CDs
  • Coro
    • Back
    • Coro e Orquestra
    • Coro Infantil
    • Coro Feminino
    • Coro com Acompanhamento
    • Coro a Capella
    • Coro Masculino
    • Coro, Solistas com Acompanhamento
  • Cravo
    • Back
    • Cravo Solo
    • Música de Câmara
    • Cravo e Orquestra
  • Canto
    • Back
    • Soprano
      • Back
      • Soprano Solo
    • Contralto
    • Tenor
    • Baixo
      • Back
      • Baixo Solo
      • Baixo & Piano
      • Baixo & Orquestra
      • Baixo Música de Câmara
    • Infantil
      • Back
      • Infantil Solo
      • Infantil e Piano
      • Infantil & Orquestra
      • Infantil Música de Câmara
    • Baritono
      • Back
      • Baritono Solo
      • Baritono & Orquestra
      • Baritono & Piano
      • Baritono Música de Câmara
    • Mezzo-Soprano
      • Back
      • Mezzo-Soprano e Piano
      • Mezzo-Soprano e Orquestra
      • Mezzo-Soprano Solo
      • Música de Câmara
    • Voz
      • Back
      • Voz e Piano
      • Voz e Guitarra
  • Acordeão
    • Back
    • Acordeão e Orquestra
    • Acordeão e Piano
    • Acordeão Solo
    • Música de Câmara
    • Método
  • Cordas
    • Back
    • Violino
      • Back
      • Violino Solo
      • Violino e Orquestra
      • Violino e Piano
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Cordas
    • Viola
      • Back
      • Viola Solo
      • Viola e Piano
      • Viola e Orquestra
    • Violoncelo
      • Back
      • Violoncelo e Piano
      • Violoncelo Solo
      • Violoncelo e Orquestra
    • Contrabaixo
      • Back
      • Contrabaixo Solo
      • Contrabaixo e Piano
      • Contrabaixo e Orquestra
      • Música de Câmara
      • Bass Solist
    • Cordas Música de Câmara
      • Back
      • Dueto de Cordas
      • Trio de Cordas
      • Quarteto de Cordas
      • Outras Formações
    • Bandolim
  • Ensemble
  • Guitarra
    • Back
    • Guitarra e Orquestra
    • Guitarra e Piano
    • Guitarra Solo
    • Música de Câmara
      • Back
      • Duo
  • Livros
    • Back
    • Formação Musical
    • Fotografia
    • Colecções
    • Cadernos
    • Revistas
  • Madeiras
    • Back
    • Flauta
      • Back
      • Flauta e Piano
      • Flauta Solo
      • Flauta e Orquestra
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Flautas
      • Flautim
    • Oboé
      • Back
      • Oboé e Orquestra
      • Oboé e Piano
      • Oboé Solo
      • Música de Câmara
        • Back
        • Ensemble de Palhetas Duplas
        • Outras Formações
        • Quarteto de Oboés
    • Clarinete
      • Back
      • Clarinete e Piano
      • Clarinete Solo
      • Clarinete Baixo
        • Back
        • Clarinete Baixo e Piano
        • Clarinete Baixo Solo
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Clarinetes
      • Clarinete e Orquestra
    • Fagote
      • Back
      • Fagote Solo
      • Fagote e Orquestra
      • Música de Câmara
        • Back
        • Ensemble de Palhetas Duplas
        • Outras Formações
        • Quarteto de Fagotes
      • Fagote e Piano
    • Saxofone
      • Back
      • Saxofone Alto
        • Back
        • Sax Alto & Orquestra
        • Sax Alto & Piano
        • Sax Alto Solo
      • Saxofone Tenor
      • Saxofone Baritono
      • Saxofone Soprano
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Saxofones
    • Música de Câmara
      • Back
      • Quinteto de Sopros
      • Outras Formações
    • Flauta de Bisel
      • Back
      • Flauta de Bisel Alto
      • Flauta Bisel e Orquestra
      • Flauta Bisel e Piano
      • Música de Câmara
      • Estudos e Metodos
    • Corne Inglês
      • Back
      • Corne Inglês Solo
  • Guitarra Portuguesa
    • Back
    • Guitarra Portuguesa Solo
    • Guitarra Portuguesa e Piano
    • Música de Câmara
    • Guitarra Portuguesa e Orquestra
  • Instrumentos
    • Back
    • Tuba em Fá
  • Harpa
    • Back
    • Harpa e Orquestra
    • Harpa Solo
    • Música de Câmara
  • Metais
    • Back
    • Wagner tuba
    • Trompa
      • Back
      • Trompa e Piano
      • Trompa Solo
        • Back
        • Trompa Solo e Ensemble
      • Trompa e Orquestra
      • Música de Câmara
      • Estudos e Metodos
      • Quarteto de Trompas
    • Trompete
      • Back
      • Trompete Solo
      • Trompete Piccolo
      • Trompete e Orquestra
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Trompetes
      • Trompete e Piano
    • Tuba
      • Back
      • Estudos e Metodos
      • Tuba Solo
      • Tuba e Orquestra
      • Tuba e Piano
      • Música de Câmara
      • Tuba Solo e Ensemble
    • Trombone
      • Back
      • Trombone Solo
      • Trombone e Piano
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Trombones
      • Trombone e Orquestra
    • Grupo de Metais
      • Back
      • Quinteto de Metais
      • Outras Formações
    • Orquestra de Metais
    • Euphonium
      • Back
      • Euphonium Solo
      • Euphonium e Piano
  • Música de Câmara
    • Back
    • Instrumento e Piano
    • Duo
    • Trio
    • Quarteto
    • Quinteto
    • Sexteto
    • Ensemble de Palhetas Duplas
  • Orgão
  • Orquestra
    • Back
    • Orquestra de Cordas
    • Orquestra Clássica e de Câmara
    • Orquestra Sinfónica
      • Back
      • Soprano e Piano
      • Soprano e Orquestra
      • Música de Câmara
    • Coro e Orquestra
      • Back
      • Contralto Solo
      • Contralto e Piano
      • Contralto & Orquestra
      • Música de Câmara
    • Instrumento Solista e Orquestra
      • Back
      • Tenor Solo
      • Tenor & Orquestra
      • Tenor Música de Câmara
      • Tenor & Piano
    • Voz(es) Solista(s) e Orquestra
  • Ópera
  • Orquestra de Sopros
  • Música Infantil
    • Back
    • Ópera Infantil
    • Piano
    • Coro, Solistas com Acompanhamento
    • Música de Câmara
    • Estudos e Metodos
    • Conto Musical
    • Bailado
  • Percussão
    • Back
    • Percussão Solo
    • Percussão & Acompanhamento
    • Ensemble de Percussões
    • Música de Câmara com Percussão
    • Marimba Solo
    • Caixa
      • Back
      • Música de Câmara
        • Back
        • Quarteto de Cordas
    • Vibrafone
      • Back
      • Música de Câmara
        • Back
        • Outras Formações
        • Quarteto de Cordas
  • Piano
    • Back
    • Piano Solo
    • Piano a Quatro Mãos
    • Música de Câmara
    • Piano e Orquestra
    • Two Pianos
    • Piano a 6 Mãos
    • Estudos e Metodos
    • Mão Esquerda
0 items
You have no items in your shopping cart.
All Categories
    Menu
    Shopping cart
    Filters
    Personal menu
    Preferences
    Search
    • Home /
    • Orquestra /
    • Orquestra Sinfónica /
    • GRAFFITI [just forms]
    PrevFogo de Artifício op.66**
    NextGrândola Vila Morena
    Picture of GRAFFITI [just forms]
    Picture of GRAFFITI [just forms]
    Picture of GRAFFITI [just forms]
    Composer: António Pinho Vargas (1951)

    GRAFFITI [just forms]

    €0.00
    €0.00 per 0 day(s)
    *
    *
    de António Pinho Vargas (1951)
    SKU: ava070083
    • Overview
    • Contact Us

    Para grande orquestra
    (3.3.3.1.3.1- 6.3.3.1-5 perc. pf.hp.-16.14.12.10.8)
    Duração: 25 '


    Encomenda: Teatro Nacional de São Carlos

    Primeira Apresentação: Orq. Sinfónica Portuguesa, dir. LOTHAR KÖNIGS,
    Março 2006, Grande Auditório do CCB



    NOTAS SOBRE GRAFFITI [JUST FORMS]


    1. Toda a gente sabe o que é um graffiti. Embora existam tipos muito diversos há dois aspectos comuns a todos: são inscrições gráficas nas paredes e são ilegais.

    Quer sendo um grafismo indecifrável, uma palavra de ordem ou outra coisa qualquer, desenham-se em locais não previstos para esse efeito. Nisso reside a sua ilegalidade. O aspecto mais interessante, no entanto, é o facto de haver uma espécie de estilo graffiti obscuro e anónimo no qual o significado não é evidente – aqueles graffiti arredondados e coloridos que existem nas longas paredes que antecedem as estações dos comboios, nas partes interiores dos viadutos ou nas paredes dos edifícios industriais destinados à demolição. Todos mostram um desejo de inscrição artística fora dos lugares instituídos para tal e, sendo anónimos, têm uma autoria colectiva. O sub-título [just forms] alude a uma posição de Boaventura de Sousa Santos sobre a cultura portuguesa no seu todo: é uma cultura de fronteira – não tem conteúdo, só tem forma – sendo, segundo o autor, os portugueses dotados para manipular com criatividade o que recebem sempre de fora. Não me é possível aqui tentar explicar melhor esta posição e remeto, por isso, para os seus livros. Nesta peça usei como metáfora inicial estes dois aspectos principais: as semelhanças e diferenças inescrutáveis no estilograffiti e o facto de qualquer compositor, ao escrever uma partitura, criarinevitavelmente uma forma.


    2. Daqui decorrem várias consequências. Os sete graffiti tem semelhanças entre si, os materiais reaparecem em diferentes graffiti, mas cada um constitui uma forma e, simultâneamente, uma parte da forma global. Uma terceira consequência foi o desejo de usar materiais “pobres”, como por exemplo, um ou dois acordes-base que, por si só, não serão especialmente dotados de significação.


    3. A noção de objecto musical que tenho usado, de maneira puramente privada, enuncia, primeiro, a consciência da historicidade dos materiais e, segundo, o campo de possibilidades que se abre perante um acorde, uma melodia particular, uma ideia rítmica ou um conjunto abstracto de notas fora de qualquer contexto concreto. As possibilidades de concretização-em-obra de cada um destes pontos de partida são tanto mais vastas quanto maior for o desapego em relação aos dois postulados definitivos de que tenho procurado fazer a crítica estética (que não se dirige a obras particulares mas a orientações gerais). Primeiro, a convicção pósadorniana de que só os princípios pós-seriais e seus derivados asseguram a produção do novo e, segundo, a convicção oposta de que só o regresso à tonalidade pode retirar a música do beco-sem-saída a que a orientação anterior a conduziu. Não partilho nenhuma destas posições e, se já ataquei que chegasse a primeira desde 1991, sinto cada vez mais a necessidade de criticar a segunda.

    Seguindo Foucault, penso que o novo não é aquilo que somos mas aquilo em que nos vamos tornando. Quando digo que faço uma pequena teoria para cada peça, tento sublinhar que cada peça musical é só uma peça musical – o seu potencial transformador do mundo é limitado – na qual se produz a abertura ao contingente, ao indefinido, ao instável que procuro no acto de fazer as obras, de lhes dar forma.


    4. No caso de Graffiti [just forms] o ponto de partida foi um acorde. Tal como os graffiti de muitas cidades do mundo tem similitudes surpreendentes, as minhas formas recorrem ao acorde-base, não como unidade temática, mas como base figural para outro desenho. Cada desenho, cada devir-forma pode sublinhar as semelhanças ou as diferenças, as continuidades ou as interrupções. Um acorde é hoje uma entidade dotada de um potencial que vai muito além, da simples transposição, da modulação tonal ou da especulação aritmética intervalar. Se permanece no tempo cria uma dobragem sobre si próprio, cria uma tensão musical na antítese do arrepio aristocrático perante a modulação surpreendente do Séc. XVIII. Se muda, pode mudar para elementos dele derivados mas, por mutações radicais de timbre, de tempo, de registo, se podem iluminar provisoriamente como “outra coisa”. A sobreposição de dois ou mais destes elementos pode criar novos “graffiti”. A mão do compositor que desenha um linha horizontal ou uma larga curva dinâmica pode, do mesmo modo, traçar uma abrupta linha vertical de corte.


    5. Se me alargo nestas considerações é fundamentalmente porque o espaço público me é reduzido. Pessoalmente não me posso queixar demasiado como é óbvio. Mas não é disso que se trata. Falo de falta de interlocução. Os compositores exprimem as suas ideias em curtas entrevistas de jornal ou em notas de programa. No actual concerto das artes em Portugal a música é, talvez, a mais viva em pulsão interna e a mais negligenciada, não só no espaço público, como, ainda de forma mais evidente, pelos escritores, os poetas, actores, bailarinos, pintores, arquitectos ou filósofos. Trata-se de uma comunidade artística que não existe enquanto tal – não se organiza, não se faz representar – nem consegue quebrar os atavismos profundos da “cultura portuguesa” que, historicamente, foi sempre sobretudo literária. Poucos conhecem a nossa música, pouquíssimos conhecem o que pensamos ou lê o que escrevemos. Ninguém leva a sério as nossas divergências internas, ninguém se interessa por elas. Quantos artistas-outros estarão hoje nesta primeira audição? Infinitamente menos do que em qualquer vernissage inaugural de arte/moda e tem sido sempre assim. Quando estes artistas ou intelectuais escrevem ou falam sobre música, fazem-no quase exclusivamente sobre os grandes nomes do cânone ocidental. É o que se passa também no espaço público da crítica.


    6. Aliás todos o fazemos. Cometemos um suicídio involuntário porque, no mesmo lance em que criamos uma nova obra musical, alimentamos o veneno civilizacional que nos enfraquece mortalmente: a aceitação como natural de uma situação histórica de subalternidade perene. Vivemos uma espécie peculiar de cosmopolitismo-provinciano ou de provincianismo-cosmopolita que julgo ser a temática que mais precisaria de debate.


    7. Por isso escrevi a frase de Peter Sloderdijk “não há só aprendizagens positivas... ao lado há um verdadeiro curso de decepções” em epígrafe do seguinte texto “Sobre a melancolia física do artista” de Setembro de 2004: Íntima e desoladamente, vou estanto cada vez mais convencido da inutilidade da arte e da música no quadro do espaço-tempo em que vivo. Uma nova obra portuguesa, amputada quase sempre dos seus modos actuais de sobrevivência –a edição da partitura e a edição discográfica– destina-se à categoria de desperdício patrimonial virtual e acrescenta-se às anteriores como alimento para a persistência do secular discurso lamentoso. É tempo de considerar esta situação definitiva, irreformável. Esta não é uma boa notícia mas mais vale considerá-la verdadeira para melhor se poder interpretar a hipocrisia dos discursos oficiais de sempre e a permanência das insuficiências de todo o Séc.XX.

    Resta ao criador considerar a sua obra como uma carta escrita aos amigos destinada a ser lida daqui por mil anos, na melhor das hipóteses. No entanto, quando componho, sinto-me como que deslocado para fora das determinações do real e concentrado na coisa-em-si e assim posto em sossego na atitude desinteressada kantiana.

     

     

    CODA: Este texto tem uma forma “graffiti”. No entanto, talvez seja dotado de algum conteúdo compreensível e possa assim ser partilhável. A peça divide-se em sete graffiti. Só o graffifi II tem título: “petite musique negative de nuit”. Cada um dos sete graffiti é dedicado a um dos vários músicos da OSP que nos últimos anos tem estado presentes em vários concertos com peças minhas. É nessas relações de trabalho que o compositor abandona provisóriamente o isolamento próprio da natureza da sua actividade, mas tem sido pela sua repetição em diferentes obras que se acumulam os laços e os afectos que a execução de uma só peça não permite, de tal modo é curto o tempo de ensaios em todo o mundo. A máxima que prevalece actualmente tem nome e veio da América: time is money. Como não há dinheiro não há tempo. Os dedicatários dos sete Grafitti são: I- Katharine Rawdon, II- Elizabeth Davies, III- Irene Lima, IV- Pavel Arefiev, V- António Quítalo, Paulo Guerreiro e Hugo Assumpção, VI- Pedro Wallenstein, VII- Ricardo Lopes e daqui lhes envio um abraço forte. A razão de ser musical das dedicatórias tanto pode ser óbvia como discreta. Há um jogo contra a falta de tempo.


    António Pinho Vargas, 14 de Fevereiro, 2006

     

    *
    *
    *
    *

    Para grande orquestra
    (3.3.3.1.3.1- 6.3.3.1-5 perc. pf.hp.-16.14.12.10.8)
    Duração: 25 '


    Encomenda: Teatro Nacional de São Carlos

    Primeira Apresentação: Orq. Sinfónica Portuguesa, dir. LOTHAR KÖNIGS,
    Março 2006, Grande Auditório do CCB



    NOTAS SOBRE GRAFFITI [JUST FORMS]


    1. Toda a gente sabe o que é um graffiti. Embora existam tipos muito diversos há dois aspectos comuns a todos: são inscrições gráficas nas paredes e são ilegais.

    Quer sendo um grafismo indecifrável, uma palavra de ordem ou outra coisa qualquer, desenham-se em locais não previstos para esse efeito. Nisso reside a sua ilegalidade. O aspecto mais interessante, no entanto, é o facto de haver uma espécie de estilo graffiti obscuro e anónimo no qual o significado não é evidente – aqueles graffiti arredondados e coloridos que existem nas longas paredes que antecedem as estações dos comboios, nas partes interiores dos viadutos ou nas paredes dos edifícios industriais destinados à demolição. Todos mostram um desejo de inscrição artística fora dos lugares instituídos para tal e, sendo anónimos, têm uma autoria colectiva. O sub-título [just forms] alude a uma posição de Boaventura de Sousa Santos sobre a cultura portuguesa no seu todo: é uma cultura de fronteira – não tem conteúdo, só tem forma – sendo, segundo o autor, os portugueses dotados para manipular com criatividade o que recebem sempre de fora. Não me é possível aqui tentar explicar melhor esta posição e remeto, por isso, para os seus livros. Nesta peça usei como metáfora inicial estes dois aspectos principais: as semelhanças e diferenças inescrutáveis no estilograffiti e o facto de qualquer compositor, ao escrever uma partitura, criarinevitavelmente uma forma.


    2. Daqui decorrem várias consequências. Os sete graffiti tem semelhanças entre si, os materiais reaparecem em diferentes graffiti, mas cada um constitui uma forma e, simultâneamente, uma parte da forma global. Uma terceira consequência foi o desejo de usar materiais “pobres”, como por exemplo, um ou dois acordes-base que, por si só, não serão especialmente dotados de significação.


    3. A noção de objecto musical que tenho usado, de maneira puramente privada, enuncia, primeiro, a consciência da historicidade dos materiais e, segundo, o campo de possibilidades que se abre perante um acorde, uma melodia particular, uma ideia rítmica ou um conjunto abstracto de notas fora de qualquer contexto concreto. As possibilidades de concretização-em-obra de cada um destes pontos de partida são tanto mais vastas quanto maior for o desapego em relação aos dois postulados definitivos de que tenho procurado fazer a crítica estética (que não se dirige a obras particulares mas a orientações gerais). Primeiro, a convicção pósadorniana de que só os princípios pós-seriais e seus derivados asseguram a produção do novo e, segundo, a convicção oposta de que só o regresso à tonalidade pode retirar a música do beco-sem-saída a que a orientação anterior a conduziu. Não partilho nenhuma destas posições e, se já ataquei que chegasse a primeira desde 1991, sinto cada vez mais a necessidade de criticar a segunda.

    Seguindo Foucault, penso que o novo não é aquilo que somos mas aquilo em que nos vamos tornando. Quando digo que faço uma pequena teoria para cada peça, tento sublinhar que cada peça musical é só uma peça musical – o seu potencial transformador do mundo é limitado – na qual se produz a abertura ao contingente, ao indefinido, ao instável que procuro no acto de fazer as obras, de lhes dar forma.


    4. No caso de Graffiti [just forms] o ponto de partida foi um acorde. Tal como os graffiti de muitas cidades do mundo tem similitudes surpreendentes, as minhas formas recorrem ao acorde-base, não como unidade temática, mas como base figural para outro desenho. Cada desenho, cada devir-forma pode sublinhar as semelhanças ou as diferenças, as continuidades ou as interrupções. Um acorde é hoje uma entidade dotada de um potencial que vai muito além, da simples transposição, da modulação tonal ou da especulação aritmética intervalar. Se permanece no tempo cria uma dobragem sobre si próprio, cria uma tensão musical na antítese do arrepio aristocrático perante a modulação surpreendente do Séc. XVIII. Se muda, pode mudar para elementos dele derivados mas, por mutações radicais de timbre, de tempo, de registo, se podem iluminar provisoriamente como “outra coisa”. A sobreposição de dois ou mais destes elementos pode criar novos “graffiti”. A mão do compositor que desenha um linha horizontal ou uma larga curva dinâmica pode, do mesmo modo, traçar uma abrupta linha vertical de corte.


    5. Se me alargo nestas considerações é fundamentalmente porque o espaço público me é reduzido. Pessoalmente não me posso queixar demasiado como é óbvio. Mas não é disso que se trata. Falo de falta de interlocução. Os compositores exprimem as suas ideias em curtas entrevistas de jornal ou em notas de programa. No actual concerto das artes em Portugal a música é, talvez, a mais viva em pulsão interna e a mais negligenciada, não só no espaço público, como, ainda de forma mais evidente, pelos escritores, os poetas, actores, bailarinos, pintores, arquitectos ou filósofos. Trata-se de uma comunidade artística que não existe enquanto tal – não se organiza, não se faz representar – nem consegue quebrar os atavismos profundos da “cultura portuguesa” que, historicamente, foi sempre sobretudo literária. Poucos conhecem a nossa música, pouquíssimos conhecem o que pensamos ou lê o que escrevemos. Ninguém leva a sério as nossas divergências internas, ninguém se interessa por elas. Quantos artistas-outros estarão hoje nesta primeira audição? Infinitamente menos do que em qualquer vernissage inaugural de arte/moda e tem sido sempre assim. Quando estes artistas ou intelectuais escrevem ou falam sobre música, fazem-no quase exclusivamente sobre os grandes nomes do cânone ocidental. É o que se passa também no espaço público da crítica.


    6. Aliás todos o fazemos. Cometemos um suicídio involuntário porque, no mesmo lance em que criamos uma nova obra musical, alimentamos o veneno civilizacional que nos enfraquece mortalmente: a aceitação como natural de uma situação histórica de subalternidade perene. Vivemos uma espécie peculiar de cosmopolitismo-provinciano ou de provincianismo-cosmopolita que julgo ser a temática que mais precisaria de debate.


    7. Por isso escrevi a frase de Peter Sloderdijk “não há só aprendizagens positivas... ao lado há um verdadeiro curso de decepções” em epígrafe do seguinte texto “Sobre a melancolia física do artista” de Setembro de 2004: Íntima e desoladamente, vou estanto cada vez mais convencido da inutilidade da arte e da música no quadro do espaço-tempo em que vivo. Uma nova obra portuguesa, amputada quase sempre dos seus modos actuais de sobrevivência –a edição da partitura e a edição discográfica– destina-se à categoria de desperdício patrimonial virtual e acrescenta-se às anteriores como alimento para a persistência do secular discurso lamentoso. É tempo de considerar esta situação definitiva, irreformável. Esta não é uma boa notícia mas mais vale considerá-la verdadeira para melhor se poder interpretar a hipocrisia dos discursos oficiais de sempre e a permanência das insuficiências de todo o Séc.XX.

    Resta ao criador considerar a sua obra como uma carta escrita aos amigos destinada a ser lida daqui por mil anos, na melhor das hipóteses. No entanto, quando componho, sinto-me como que deslocado para fora das determinações do real e concentrado na coisa-em-si e assim posto em sossego na atitude desinteressada kantiana.

     

     

    CODA: Este texto tem uma forma “graffiti”. No entanto, talvez seja dotado de algum conteúdo compreensível e possa assim ser partilhável. A peça divide-se em sete graffiti. Só o graffifi II tem título: “petite musique negative de nuit”. Cada um dos sete graffiti é dedicado a um dos vários músicos da OSP que nos últimos anos tem estado presentes em vários concertos com peças minhas. É nessas relações de trabalho que o compositor abandona provisóriamente o isolamento próprio da natureza da sua actividade, mas tem sido pela sua repetição em diferentes obras que se acumulam os laços e os afectos que a execução de uma só peça não permite, de tal modo é curto o tempo de ensaios em todo o mundo. A máxima que prevalece actualmente tem nome e veio da América: time is money. Como não há dinheiro não há tempo. Os dedicatários dos sete Grafitti são: I- Katharine Rawdon, II- Elizabeth Davies, III- Irene Lima, IV- Pavel Arefiev, V- António Quítalo, Paulo Guerreiro e Hugo Assumpção, VI- Pedro Wallenstein, VII- Ricardo Lopes e daqui lhes envio um abraço forte. A razão de ser musical das dedicatórias tanto pode ser óbvia como discreta. Há um jogo contra a falta de tempo.


    António Pinho Vargas, 14 de Fevereiro, 2006

     

    Information
    • About AVA Editions
    • Terms and conditions
    • Contact Us
    • Privacy policy
    • Delivery
    Customer service
    • Music Dealers
    • Catálogo
    My account
    • My account
    • Addresses
    • Orders
    • Shopping cart
    • Compare products list
    • Apply for partner account
    Contact Us
    • Rua Nova do Loureiro nº14 | 1200-295 Lisboa
    • info@editions- ava.com
    • +351 213 430 337 / +351 929 444 845
    Copyright © 2023 AVA Editions. All rights reserved.
    Powered by nopCommerce
    Designed by Nop-Templates.com