As Quatro Invenções para violoncelo solo (1961) foram dedicadas a Felipe Loriente, que as estreou parcialmente em 1968 na Quinta da Penha Verde, em Sintra. Escrita numa fase especialmente profícua do compositor, tanto para instrumentos solistas, como para música de câmara, vozes ou orquestra, esta obra insere-se na linha estética mais ousada e "modernista" de Fernando Lopes-Graça, onde predominam a atonalidade e a expansão e a fragmentação de padrões harmónicos e rítmicos. Embora as Quatro Invenções tenham sido a primeira obra do compositor para violoncelo a solo (as Três Inflorescências datam de 1973), Lopes-Graça já dedicara ao violoncelo, com acompanhamento de piano, as Três canções populares portuguesas (1953) e a Página Esquecida (1955). Posteriormente, entre 1965 e 1966, compôs o Adagio ed alla danza (vlc. e pn.) e o Concerto da camera col violoncello obbligato (vlc. e orq.), este último dedicado ao célebre violoncelista Mstislav Rostropovich.
A presente edição utilizou como fonte essencial o próprio manuscrito do compositor, mas também a primeira edição impressa (Musicoteca, 1998), procurando resolver algumas imprecisões em ambos materiais. O texto original do compositor foi absolutamente priorizado e as poucas indicações de arcadas, são meras sugestões pontuais da presente edição - em alguns casos contrariam a articulação original - com o objetivo de agilizar a execução.
Bruno Borralhinho, Novembro de 2021