«Langará» é uma palavra que encontrei por acaso num dicionário: significa «discussão». Esta peça reflecte um pouco da maneira apressada e caótica como o português é falado, traduzindo as altercações de três personagens musicais. Os seus vários episódios devem ser interpretados como uma pantomima (por vezes frenética) e com algum sentido de humor. No prólogo, Molto animato, são apresentados os três protagonistas. Seguem-se, sem interrupção, quatro variações em que esses temas se metamorfoseiam e digladiam: a primeira variação é no mesmo tempo que o prólogo (compasso 56), as restantes num tempo Vivo (compasso 92), Prestissimo (compasso 124) e Calmo (compasso 149). No epílogo, Animato assai (compasso 171), perpassam vestígios convulsivos e circenses de tudo o que aconteceu antes.
Esta obra foi escrita em Lisboa em Dezembro de 1992, como encomenda do «Prémio Jovens Músicos» da Radiodifusão portuguesa, para servir de peça obrigatória no 1O.º Concurso Europeu de Música para a Juventude da EMCY (European Union for Music Competitions for Youth) que teve lugar em Lisboa em Outubro de 1994.
Alexandre Delgado