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3.ª Sinfonia, concluída em 1944, pode ser designada como uma “Guerra da sinfonia”. Nuno Barreiros considerava-a uma obra mais “experimental” do compositor, exemplo da sua curiosidade incessante e necessidade de renovação. Se já nas duas sinfonias anteriores havia traços modernistas não associáveis ao Neoclassicismo, na 3.ª Sinfonia há um recrudescimento dessa tendência. Por vias muito diversas da Escola dodecafónica, Luís de Freitas Branco chega a um ruir de atonalidade. No geral, e no contexto de uma linguagem modal essencialmente, cultiva um tipo de dissonância por vezes ao extremo, que não obscurece o discurso e é vigorosamente original. A cada passo sente-se que o compositor está em busca de um novo estilo.
Na 3.ª Sinfonia encontramos um percurso entre as trevas e a luz: citando Hanns Eisler, João de Freitas Branco (filho do compositor) sugere o mote Per Aspera Ad Astra – noite através, rumo à luz. Tal como Eisler, Luís de Freitas Branco evoluiu no sentido de uma arte dirigida não apenas a uma elite mas a todos os homens. Atraído pelas ideias de António Sérgio e Bento de Jesus Caraça, sem abdicar da sua idiossincrasia monárquica, Freitas Branco sentiu-se cada vez mais solidário com os oprimidos.
Observações:
A edição desta obra foi preparada para uma gravação que dirigi à frente da Orquestra Sinfónica Nacional da Irlanda para a etiqueta NAXOS.
Trata-se de uma edição de texto do manuscrito autógrafo existente na Radiodifusão Portuguesa. Assim, visando manter-se fiel às intenções originais do compositor, eliminei alterações introduzidas naquele manuscrito por maestros que dirigiram esta obra desde a sua estreia em 1947 sob a direcção de Pedro de Freitas Branco, alterações que, no entanto, poderão ter sido aprovadas pelo compositor.
Sendo, porém, uma edição para uso pessoal e prático, e baseando-me na minha familiaridade com as obras orquestrais de Luís de Freitas Branco e de seu discípulo Joly Braga Santos, adicionei elementos práticos para os músicos, como sugestões agógicas e dinâmicas que clarifiquem o discurso musical.
No entanto, e porque outros chefes de orquestra podem discordar das minhas sugestões, identifiquei-as através de ligaduras ponteadas e/ou indicações entre parêntesis. As indicações de staccato e de tenuto nas semínimas também são minhas sugestões.
Álvaro Cassuto