Escrevi esta obra para piano a quatro mãos, sentindo-a pessoalmente como um forma de exaltação, como uma forma de dizer, estou presente (adsum), estou aqui e continuo a compor! É a única peça que tenho que explora abertamente a questão estética repetitiva embora não se trate efetivamente de tal tipo de música uma vez que o desenvolvimento está lá, a transformação de materiais também, a técnica do hoquetus, a série de fibonacci, a melodia, a harmonia, de tudo um pouco... A colagem sem qualquer tipo de transição é assumida na parte final, algo, também, não muito comum neste género musical aquando das suas origens na América. Acho que posso afirmar que se trata de uma obra que confronta o que mais me agrada na música minimal repetitiva, de Reich a Adams, com todas as restantes influências das minhas preferências musicais, destacando a música húngara do século XX.
Paulo Bastos, julho de 2012