Piano, violino, acordeão e harpa
A “Piaf” foi concebida para um bailado que o Ballet Gulbenkian estreou com grande êxito, numa coreografia de Vasco Wellenkamp, e que percorreu em tornée os mais variados países.
A diferença entre a música do bailado e esta é que, na versão dançada, os três intermezzi de piano que aqui se ouvem eram autênticas canções da Piaf, embora com os mesmos temas.
No fundo, esta “Piaf” pretende contar-nos por música a história dramática de uma mulher de génio que a vida duramente maltratou, ao ponto de ter encontrado uma das raras manifestações de delicadeza e de autêntica ternura na pessoa de um campeão de boxe...
É também óbvia a referência constante a Paris e também a uma época em que a canção francesa desempenhou um papel incontornavelmente importante na nossa cultura.
São episódicas e curtas as referências directas às próprias melodias que a Piaf interpretava, e esta “biografia por música” procura acima de tudo retratar as várias passagens de uma existência difícil, muitas vezes amargurada e marcada por enorme solidão - claramente expressa, parece-me, nos solos iniciais e finais do violino e do acordeão.