Pequeno Solo para Trompete (1849)
Na obra Pequeno Solo (MM1020 in BNP) para corneta de chaves, escrita em 1849, Santos Pinto coloca novamente a corneta de chaves como instrumento solista acompanhado por orquestra.
A formação orquestral utilizada nesta obra segue a mesma estrutura da utilizada no 1º Concerto para corneta de chaves (1834), com a excepção de utilizar apenas um clarinete em Si bemol. Quanto à estrutura, está dividida em duas secções, uma primeira parte em género de abertura, Andante, em compasso binário simples, e uma segunda parte em estilo dançante, Tempo de Polka, em compasso ternário simples.
Santos Pinto volta a utilizar a tonalidade de Si bemol Maior porque, sendo a corneta de chaves um instrumento transpositor, esta tonalidade torna-se mais natural na execução deste instrumento. A primeira secção apresenta um tema cantabile, com ornamentação abundante, cujo motivo é caracterizado, como acontece em outras obras de Santos Pinto, pelo uso da série de harmónicos. A segunda secção está dividida em duas partes. A primeira parte está relacionada com o tema, onde é apresentada a polka, cuja característica principal é a síncopa na parte fraca do primeiro tempo. A segunda parte apresenta-se com a utilização de motivos do tempo de polka, sendo aí exposta a fluidez rítmica do primeiro tema. A coda final é formada através de uma maior complexidade rítmica, mediante a utilização de semicolcheias em escalas ascendentes e arpejos, e padrões criados sobre ornatos inferiores.
Paulo Veiga