Transformação (2009) – para trompete / for trumpet, ca 3′. Encomenda da RTP/Antena 2. Por estrear no Prémio Jovens Músicos 2010.
Notas de Programa
Esta peça surgiu como resultado de uma encomenda da Antena 2 / RTP para o Prémio Jovens Músicos de 2010.
Transformação é uma peça onde a maior parte do trabalho composicional se situa no ritmo. Tal como a melodia, o ritmo pode conter desenhos, figuras, pontos de repouso, ostinatos e pode sofrer transformações.
É esse o conceito nuclear desta obra: o desejo de dar inventividade ao ritmo, libertando-o até de certos hábitos ainda enraizados na nossa cultura (pulsação regular, anacruza, uso de figuras típicas,entre outros).Um objectivo importante, é, então, a expressividade rítmica. Em termos mais gerais, a obra explora a ideia de contraste entre material temático e material emdesenvolvimento, mas também as relações que se podem estabelecer ao nível da memória musical no sentido da consistência formal.
Notas de execução:
- A peça deve ser executada como se de um improviso se tratasse; com frescura e ânimo.
- São utilizados três tipos de fermata. A mais usual (redonda) significa uma suspensão média. A triangular é mais curta. A quadrada é mais longa.
- O ritmo é claramente atonal. Não está organizado em compassos, sendo por isso importante atentar nas durações. Apesar disso, por vezes as figuras são agrupadas à semínima, sendo essa a pulsação; outras vezes o ritmo é escrito de forma a reflectir um carácter quantitativo - secções sem pulsação regular, onde não é pretendida uma execução absolutamente perfeita dos valores rítmicos (durações) mas sim uma boa aproximação aos seus valores relativos. É também importante ter a noção da duração de cada figuraindividual (semínima, colcheia, etc.) ao tempo metronómico. Uma analogia pode ser feita com o ritmo de valores acrescentados de O. Messiaen. A técnica de solfejo é a mesma.