Drums on Guitar - The Guitar Rudiments é uma obra de caráter didático que, de uma forma ousada e inovadora, tem como objetivo partilhar uma nova ética perante o ensino e a aprendizagem da arte de tocar guitarra, encarando o desenvolvimento técnico do instrumento segundo uma diferente metodologia.
Este manual resulta de um vasto estudo sobre pedagogia, técnicas e métodos de estudo de diversos instrumentos, com especial incidência de elementos do treino mecânico do piano e dos instrumentos de percussão, e por este meio, aplicadas à guitarra.
Embora os exercícios compostos sejam de tipologia não convencional no mundo guitarrístico (o que poderá incorretamente suscitar incerteza quanto à pratica do investimento proposto), o trabalho elaborado sobre estas técnicas resultará indiretamente no sucesso das inúmeras interpretações desejadas, proporcionando um acréscimo admirável relativamente à técnica instrumental e consequente discurso musical.
É essencial explorar o exercício mecânico a um nível intenso e complexo para se adquirir o maior número de recursos possível, respeitando sempre o dinamismo muscular (contração-relaxamento) e o limite das capacidades atuais do executante, tendo em vista a sua aplicação nas obras musicais de forma fácil e fluida. No entanto, é importante salientar que a técnica perde o devido sentido se desvinculada do seu propósito musical, tendo em conta que o objectivo desta é a própria música. Como tal, é fundamental trabalhar a técnica associada-a a elementos musicais (dinâmica, articulação...) para que os recursos técnicos se possam converter automaticamente em recursos musicais.
A intenção inicial deste projeto visava a sua exploração por guitarristas com nível superior de estudos, pois no mundo profissional como no ensino avançado do instrumento, de uma forma geral, é cada vez menos explorado o treino mecânico do instrumento, sendo este por norma largamente ultrapassado pelo estudo do discurso musical, o que
cria no intérprete a falsa noção que que atingiu a capacidade técnica possível, limitada por aspectos biomecânicos e fisiológicos intransponíveis.
No entanto, à medida que o manual foi sendo elaborado, tornou-se cada vez mais evidente a sua versatilidade relativamente ao nível alvo, pois de acordo com o atual ensino preparatório da guitarra, e num caso concreto e diretamente relacionado, a digitação de mão direita, sobre a qual a maior parte dos docentes trabalha incessantemente para que os alunos a alcancem, é, numa linguagem percussionista, o “Single Stroke”, ou seja, a constante pulsação alternada dos dedos, sem nunca os repetir individualmente (ex: i/m, i/a, etc...). Numa fase inicial de ensino faz sentido este tipo de abordagem, pois ainda é considerado um desafio para o principiante e, através do percurso histórico-cultural do instrumento, um investimento prometedor. Mas logo que este seja apreendido, é necessário impelir novos strokes para maior desenvolvimento dos músculos intervenientes no movimento dos dedos. Na verdade, este mesmo single stroke alcançará melhores resultados se este for alternado durante o estudo com doubles, triples ou mais strokes, isto é, a repetição de duas, três ou mais vezes o mesmo dedo respetivamente.
O trabalho inicialmente incomodo elaborado sobre estes strokes, de forma atenta e precisa, irá desenvolver a perceção muscular que está a ser efetivamente utilizada para cada dedo e respetivas falanges de forma individual, equiparando os dedos mais débeis aos dedos mais aptos à prática do instrumento e, com um trabalho progressivo do mesmo, será inevitável o aumento de velocidade assim como uma contribuição para a optimização de energia despendida para um movimento ou sequência de movimentos.
O livro está estruturado em unidades independentes com níveis crescentes de dificuldade, cujos capítulos estão ordenados de acordo com parte dos quarenta rudimentos internacionais de percussão. (razão pela qual contém o referido título)
São exercícios inéditos para guitarra, de fácil entendimento, de elevada complexidade motora e significativa dificuldade técnica. Iniciado o desafio, este terá de ser alvo de uma prática assídua, atenta e ordenada para que se desenvolva o domínio total dos níveis propostos, da interpretação requerida e do sentido estético assumido.
As técnicas exploradas no livro podem ser transpostas para as conclusões finais de digitação das obras musicais, apenas se o intérprete já tiver adquirido um grau elevado de manuseamento instrumental de tais recursos.