orquestra (2.2.0.2. / 2.1.0.0. / cordas)
Andamentos:
I. Allegro vivace
II. Nach Mahler – Quase Scherzo
III.Pastoral
IV.Festivo
A Sinfonietta Semplice foi escrita em celebração do nascimento do Francisco, primeiro filho do meu irmão Mauro, e também o meu primeiro sobrinho. Retomo assim uma característica de épocas mais recuadas, nas quais a arte tinha um propósito não só lúdico, como também ritual e social. A celebração de eventos importantes era acompanhada de música circunstancial que, pelo facto de o ser, não perdia em qualidade. A imagem do compositor romântico afastado do mundo real (uma imagem exacerbada do século XIX em diante), resultou num afastamento quase completo entre os artistas e a sociedade, afastamento que agora se está, gradualmente, a tentar diminuir. Se Janacék não desdenhou compôr a Sinfonietta Militar para uma celebração pública (e política...) em Brno, no ano de 1928, e se Stravinsky não se coibiu de escrever a Circus Polka (com a sua célebre – e distorcida - citação da Marcha Militar de Schubert...) para fazer dançar três elefantes bébés do Circo Barnum, porque desdenharia eu o exemplo de tão grandes mestres? Assim sendo, resolvi escrever uma curta obra orquestral, uma mini-sinfonia, que celebrasse o nascimento do meu sobrinho. Simples e festiva pois, escrita para uma pequena orquestra de câmara, sem clarinetes, trombones ou percussão, e com apenas uma trompete, a Sinfonietta Semplice não é porém nada \"simples\" para a orquestra, quer pelo uso de ritmos e métricas irregulares, quer pelo extenso uso do contraponto e pela trabalho solístico, características que irão decerto dar algum trabalho aos músicos. Ainda seguindo o exemplo de Stravinsky, porque não citar no segundo andamento um tema pastoral retirado da 9ª Sinfonia de Mahler, e no último andamento, o mais extrovertido e alegre dos três, dois momentos clássicos, um em Dó maior, o outro – modulante - retirado de uma obra cuja tonalidade básica é também Dó Maior (tonalidade da alegria)? Meia dúzia de compassos retirados da Sinfonia nº 97 de Haydn e da Sinfonia nº 9 de Beethoven. Descubram onde estão...; a obra é dedicada ao maestro Cesário Costa, um bom amigo e um excelente músico, que dirigiu a estreia absoluta.
© by Sérgio Azevedo 2005