Voz, violino, oboe clarinete em sib, trombone, acordeão, piano e percussão
"A música para a Santa Joana dos Matadouros, de Bertold Brecht, foi, que me lembre, o primeiro dos muitos trabalhos que já fiz para o teatro "a Barraca",dirigido por Maria do Céu Guerra e Helder Costa.
Segundo a tradição brechtiana, a peça envolvia obrigatoriamente música, quer cantada, quer também instrumental, encontrando-se nela textos de uma grande importância dramatúrgica, os quais se destinam, já segundo o original, a ser cantados.
Kurt Weil e Hans Eisler foram compositores praticamente indissociáveis da obra dramatúrgica de Brecht, pelo que o convite que então me foi dirigido pela "Barraca"se revestia para mim de uma muito assinalável responsabilidade. E também não seria de esquecer que, antes deste meu primeiro trabalho, a música para a companhia - onde se iniciaram muitas das maiores figuras do teatro português - fora frequentemente, ou mesmo sempre, entregue a José Afonso.
A isto se poderia chamar - aqui com inequívoca propriedade - uma "pesada herança"... O teatro de Brecht contém sempre, uma mensagem política inequívoca, pelo que as melodias criadas sobre os seus textos terão indispensavelmente de reectir a crítica acerada que o autor faz à sociedade. em que viveu - e, em diversos aspectos,em que vivemos...Ou seja, os "maus" são sempre encarados e descritos com tal, ou mesmo, como "péssimos". E a música também não pode deixar de ser fiel, em primeiríssima linha, às mensagens contidas nas palavras."
António Victorino D'Almeida